26/04/2019 05h45 - Atualizado em26/04/2019 05h45

Orsse emociona público durante concerto ‘Uma Noite em Viena’ no Atheneu

Além da tradicional Sinfonia nº 2 de Brahms, orquestra executou obras pela primeira vez no Estado: a Abertura em Sol menor, do compositor austríaco Anton Bruckner

Foto: Lilian Sara

Uma noite especial marcada pela apresentação de grandes obras de compositores germânicos de um dos mais efervescentes centros culturais do romantismo europeu. Assim foi a apresentação do concerto “Uma Noite em Viena” pela Orquestra Sinfônica de Sergipe, nesta quinta, 26, no Teatro Atheneu. O público mais uma vez, compareceu em peso e aplaudiu encantado a apresentação regida pelo maestro e diretor artístico da Orsse, Guilherme Mannis.
 
O estudante Diego Alexandre Costa que integra o Grupo de Pesquisa da UFS denominado “Direito, Arte e Literatura”, ressaltou que acompanhar esses concertos é sempre um momento ímpar para ele, pois a proposta de seu grupo é justamente tentar dialogar com três campos do conhecimento: Direito, Arte e Literatura. “Hoje, especialmente, está sendo maravilhoso, pois estamos tentando compreender um pouco a influência da música austríaca germânica do século dezenove para o Direito. Para nós faz todo sentido: analisando um pouco da literatura, do classicismo, da arte e de outras questão, até da psicanálise por exemplo, nós começamos a compreender a influência que tudo isso tem”, afirmou.

O concerto foi mesmo surpreendente, pois além da tradicional Sinfonia nº 2 de Brahms, a Orsse levou para o palco obras executadas pela primeira vez no Estado: a Abertura em Sol menor, do compositor austríaco Anton Bruckner (1824-1896), que evidencia momentos de grande densidade harmônica e de sonoridades imponentes, e a Abertura da ópera “A Ilha Deserta”, do também austríaco Joseph Haydn (1732-1809). Compositor do classicismo, foi adepto do movimento Sturm und Drang (Tempestade e desejo), compondo peças, tal qual esta abertura, em que variações abruptas de emoções traduzem-se em gestos musicais.

“Eu acompanho a Orquestra já faz algum tempo e, na minha opinião, é uma experiência que enriquece, porque estimula muito a criatividade, o saber escutar, a ter uma dimensão cultural. O concerto de hoje nos reporta ao século XIX, e isto traz para nós todo um simbolismo, uma estrutura histórica que aqui, em Sergipe, também somos herdeiros, porque, no mesmo século XIX, Tobias Barreto também tem uma importância no resgate cultural da tradição austríaca e germânica. Esta não é apenas uma noite muito agradável, mas também uma oportunidade para que possamos ressignificar o passado e estimular a criatividade das futuras gerações”, disse Miriam Coutinho,  professora adjunta do Departamento de Direito da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

De acordo com o maestro, o concerto “Uma Noite em Viena” mostra um lado desta cidade que não necessariamente está ligado às famosas valsas vienenses e ao desfrutar da vida, mas sim à densidade artística. “O Teatro conta com um público excelente e o objetivo deste concerto é o de consolidar a vocação sinfônica de nosso grupo. A execução de grandes obras é muito esperada pelo público da Orsse, um público crescente e cativo, ansioso por novidades”, informou.

Para a professora Maria Adélia, que tem acompanhado as apresentações da ORSSE, um evento como este é de grande importância cultural, pois a educação prioriza a humanização através da arte. “O valor que se dá a apresentações como esta, aqui em nosso estado em termos de música, é excepcional. Por exemplo, acompanhando eventos de música em Salvador a gente sabe que não há essa regularidade como há aqui em Sergipe. Aracaju tem, a cada quinze dias, um concerto, e isso é um processo didático. Se observarmos hoje aqui, há crianças acompanhando a apresentação, e isso é público. Nossa ideia de educação é de que, no futuro, essas crianças se interessarão por música, não só como arte, mas sim como exercício de humanidade”, esclareceu.