11/06/2019 12h45 - Atualizado em11/06/2019 01h08

I Fórum Nacional da Música Nordestina foi aberto em Aracaju homenageando Jackson do Pandeiro

Nos dias 10 e 11 de junho, evento realizado pelo Governo do Estado, por meio da Funcap, reúne especialistas e admiradores do Rei do Ritmo

Foto: Alícia Mendes/Ascom

A abertura do I Fórum Nacional da Música Nordestina lotou o teatro Atheneu, na noite desta segunda, 10, com pessoas curiosas e reconhecedoras da importância do cantor, compósitos e instrumentista Jackson do Pandeiro para a musicalidade brasileira. E quem compareceu, saiu do evento com outra impressão do artista paraibano que, no ano de seu centenário, é o grande homenageado do Encontro Nordestino de Cultura 2019, do qual o fórum é o ato inaugural.

O evento, realizado pelo Governo do Estado por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap/SE), segue nesta terça-feira, 11, com a última noite, com as participações de Geralda Miranda, sobrinha do homenageado, e do cantor e compositor Biliu de Campina.

Na noite de abertura, o jornalista Fernando Moura, pesquisador de sua obra há 25 anos, e autor da biografia mais completa do artista, além do compositor e cantor Silvério Pessoa, Professor Doutor da Universidade Católica de Pernambuco, ajudaram o público presente a ampliar a percepção sobre o Rei do Ritmo. Eles foram os palestrantes da noite, que também contou com apresentações artísticas.

Mas antes de seus relatos, o Fórum foi aberto pela presidente da Funcap, Conceição Vieira, que destacou o entendimento do Governo do Estado para esta justa homenagem, que sai na frente, sendo uma das primeiras comemorações pelos 100 anos de Jackson do Pandeiro, dentre as que irão acontecer por todo o país.

“Ele foi, nas décadas de 50, 60 e 70, a alma viva da diversidade cultural nordestina, então é preciso que a gente resgate sua história e sua obra e era importante nesse ano, de celebração do seu centenário, que pudéssemos fazer reflexão profunda e fazermos também a celebração popular lá no meio do nosso Arraiá do Povo. A diversidade rítmica, a interpretação própria, suas composições mostravam sua capacidade de interpretação e de organizar as ideias para homenagear o povo brasileiro”, ressaltou a presidente, lembrando que com as reflexões desta noite se inicia o Encontro Nordestino de Cultura.

Geralda Miranda, que será a palestrante da segunda noite do evento, na solenidade de abertura e falou do prazer de estar pela primeira vez vem à capital sergipana. “E num evento muito importante para todos os brasileiros, mas principalmente para nós da família, que está pequenininha, todo mundo já está indo, mas é com muito amor, com muita alegria eu quero agradecer ao Governo do Estado e a todos os representantes, por estar aqui com vocês e presenciar esta homenagem que, como bem dita, ele mereceu. Uma pessoa maravilhosa que fez de tudo pela música popular brasileira. Ele lutava para que a música americana não penetrasse em nosso país e tomasse conta”, disse.

O coordenador do Fórum, Paulo Corrêa, disse que o Fórum homenageia o mais inteligente e mais expressivos cantores e compositores não da música nordestina, mas da música brasileira. “Ele serviu de escola e de referência para desde João Gilberto, na Bossa Nova, a Gilberto Gil, Silvério Pessoa e tantos outros. Até hoje ele ainda é referência pela modernidade e pela maneira com que cantava e fazia a divisão musical. Então, agradeço pelo Governo e Funcap ter abraçado essa ideia e tomado a decisão de abrir os festejos juninos de Sergipe com um fórum homenageando Jackson do Pandeiro”, disse.

Legado musical

Após a solenidade, os palestrantes da noite iriam falar pouco de sua história e muito mais a respeito do legado deixado por Jackson do Pandeiro. O jornalista Fernando Moura disse estar orgulhoso de estar do I Fórum Nacional da Música Nordestina e ressaltou a necessidade de se ouvir a vasta obra deixada pelo artista, que gravou variados gêneros musicais, do coco ao samba, do forró ao frevo.

“Jackson do Pandeiro é moderno, atual e a base de um futuro porque o repertório dele é desconhecido. Nestes 25 anos eu ouço suas músicas continuamente e ainda me surpreendo ao perceber algo que não tinha notado antes. Precisamos conhecer a diversidade da música dele, ele foi um artista de gravou muito e de tudo, porque sabia da grandeza da nossa brasilidade”, comentou o autor. O jornalista, que é referência na obra do homenageado, comentou também sobre o “Ano Cultural Jackson do Pandeiro”, decretado pelo governo da Paraíba, que vai levar o tema do centenário para todas as escolas públicas daquele estado.

Já o músico Silvério Pessoa, que classifica Jackson do Pandeiro como um gênio da música brasileira, em sua fala, pontuou bastante o hibridismo, dialogismo e pluralidade de sua obra, que não deixa de fora sua matriz, mas dá amplidão ao forró e a outros gêneros musicais tipicamente nordestinos, como o frevo e coco. “É muito sofisticado o que Jackson fez com o forró”, exemplificou.

“Dificilmente a gente vai conseguir retomar o valor da identidade do nosso povo se não for através dos canais da educação, principalmente da educação pública. E nesse contexto que eu percebo a relevância da obra de Jackson do Pandeiro, até porque eu acredito também que se Luiz Gonzaga foi o pai, o gerador o DNA do forró, eu acredito que quem redimensionou, quem ampliou e deu pluralidade ao gênero foi exatamente Jackson do Pandeiro, por isso eu tenho essa proposta de olhar sua obra com esse formato de redimensão e amplitude”, completou Silvério Pessoa, que tem feito apresentações e gravações deste repertório.

Neuza Flores

A viúva de Jackson do Pandeiro, que reside atualmente na Paraíba, não pode estar presente no Fórum, mas nem por isso deixou de participar dele. Em uma mensagem de vídeo, exibida à plateia, ela falou da felicidade e da alegria pela homenagem que Sergipe prestava ao seu companheiro. Também foi exibido um treiller, em primeira mão, do filme “Jackson no baile do pandeiro”, que vai ser lançado nacionalmente no mês de julho.

A noite contou também com comentários de algumas de suas músicas mais importantes, e com as apresentações artísticas da companhia de dança Nu Tempo, do grupo Renantique, de Glaubert Santos e do músico Silvério Pessoa, todos interpretando músicas de Jackson do Pandeiro. Biliu de Campina, que estava na plateia, também subiu ao palco e deu uma canjinha ao público.

Também participaram da solenidade de abertura, o presidente do Conselho Estadual de Cultura, Antônio Amaral, o coordenador da Funcaju, Nino Karvan, representando o prefeito de Aracaju e a vereadora Emília Corrêa. E entre o público, diversas autoridades, como a superintendente do Iphan em Sergipe, Katarina Aragão, a vice-reitora da UFS, Alaíde Hermínea, a pró-reitora de Extensão da UFS, Yara Campelo, o presidente do Sindicato dos músicos de SE, Tonico, o professor da Ufal Luciano José, dentre outras.